É o adormecer. O silêncio que se instala, no macio da cama. Entrecortado com os sons que, ao fim de 25 anos, me são familiares. De quando em quando, o do comboio, o dos carros, uma ou outra mota. As ideias que nascem. As palavras que se compõem em frases e, por fim, a semi-consciência.
São os sonhos. As caras estranhas que se misturam com as conhecidas numa espécie de polme fluído. Tudo faz sentido. O retorno aos lugares onde já fui. Mais ou menos feliz. Mas onde já fui. E os lugares desconhecidos, que reconhecerei mais tarde, um fenómeno que irei apelidar de déjà vu. O que se diz, o que se grita, o que se cala, o que só (ou nem sempre) se pensa. Vivido. Ali, entre lençóis.
E é o acordar. A volta à semi-consciência. Cada sentido de volta aos sentidos. A pele quente, os músculos preguiçosos. Tudo bem moldado em redor. O mundo lá fora que acabo de reconstruir. À minha vontade. Porque o que há lá fora, custa-me. Nunca será meu... como aquele que desenho todas as noites.
Nota: Hoje acordei a meio da noite em sobressalto. Espreitei pela janela. O mundo estava igual. Voltei para a cama. O sonho foi diferente.
1 comentário:
Também gostooooooooo. E adorei a escrita ;)
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