São onze da manhã e estou parada numa passadeira numa avenida de Lisboa. Estou a pensar em emigrar. Onde iria, o que faria. Acorda-me a buzina frenética de um carro. É sábado de manhã. As buzinas costumam estar mais tranquilas ao sábado de manhã. É um amigo. Faz-me adeus, entusiasmado, enquanto mete a segunda. Sorri. Buzina, faz adeus e sorri. E eu deixo de pensar em emigrar. Aqui, pelo menos, tenho disto.
As escadas descem-me e eu recrio o momento em que te vi pela última vez. Olho para trás e estás lá, com o chapéu, embrulhado no cachecol cinzento, encolhido no teu sobretudo. Não está assim tão frio na rua mas o meu coração está gelado. Recrio o momento, mas hoje faço o que devia ter feito há um ano. Termino à tua procura no jardim.
Não estavas.
Para Roma, com Amor. As luzes baixas são cumplices: à primeira cena, emociono-me. Fez-me saudades. Sigo as cenas. Tudo me prende nesta cidade. Recrio: Piazza Venezia, Trastevere, as muralhas da cidade...e até Roma Termini. As experiências, sobretudo elas, as vivências. Penso de novo em emigrar. Woddy Allen é genial, o meu preferido. Talvez vá.
É noite. Olho o jardim, agora fechado e imagino-te longe. Entro no carro e fico a ouvi-la cantar. Desejo secretamente que troveje.
Há muito que não choro. E se me esqueci de chorar?
1 comentário:
Adorooooooo o Woody Allen e adorei este teu post.
Enviar um comentário