Há uns anos atrás, em jeito de confidência, uma amiga contou-me que havia sacrificado, junto com o namorado, uma actividade que muito gostavam, em prol da sobrevivência do amor que decidiram viver. Achei bonito. E acho que devo ter chorado mais. Eram tempos em que o fazia mais do que queria, ela lembrar-se-à. Haviam-me feito acreditar que os assuntos do coração não comportam cedências pessoais, e aquilo não me soava bem. Mas deitava-me a dançar naquela música. Ah, santa ingenuidade! Felizmente, o exemplo dela não foi em vão.
Hoje sei a verdade ancestral: no amor, as mulheres esperam que façam tudo por elas. Mesmo que seja só em teoria.
- Apetece-me uma banana.
Se não for capaz de se propor a dar a volta ao mundo ao pé coxinho para me trazer uma espécie rara da Malásia, está sentenciado. Não me ama. As megalomanias dos homens sempre fertilizaram o amor das mulheres. E, se ao fim de dez minutos aparecer em casa com um saco de bananas do Pingo Doce, directamente importadas do Brasil, não faz mal. Desculpar é um verbo conjugado pelo feminino (amar falhados, uma condição da nossa heterossexualidade). E isso é o que os faz querer ficar mais um pouco. Uma espécie de trapézio, onde o amor faz questão de se equilibrar, só para salientar a diferença entre os sexos.
Nota - este post é uma lupa de aumentar. Por isso, segurem as pedras que eu também não gosto que cedam a todos os meus caprichos. Se bem que, teoricamente, tinha graça. Na prática... bah, daria um amor morninho, morninho.
1 comentário:
Achei este post muito bonito! A transparência das emoções revela-se em cada frase que escreves. Gostei muito!
Lembro-me perfeitamente desses "tempos" de que falas, das tuas emoções...
Não acredito na "perfeição" mas acredito, e valorizo, os "encaixes". O gosto das pessoas pensarem por dois, porque assim o sentem. Sem as tais cedências, ou pedidos. As coisas "puras" mesmo que com os seus defeitos.
Muitos beijinhos
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