A Sétima Porta traz frescura a um tema que, pelo número de vítimas que fez, se resume a preto e branco. Talvez por também eu fazer parte de uma minoria étnica, aliado ao facto de ter acontecido tão recentemente, o período em que Hitler esteve no poder interessa-me. Não tanto as suas políticas - que me reduziriam a cinzas num instante - mas a falta de reacção das pessoas que não se revoltaram contra o pogrom alemão. Antes apoiaram-no com o silêncio ou a denúncia. Pior, com o apoio a um dos piores dirigentes de que há registo.
Richard Zimler fez-me agora perceber que a magnitude das acções do Nationalsozialismus foi temperada, marinada e demorou algum tempo a apurar. E, incoerentemente por isso, foi tão inesperada. Sophie, uma jovem cristã feliz junto de judeus e aberrações aos olhos dos Nazis, narrou-me um Tempo em que houve tempo para o bom humor, fortalecer amizades, amar e desejar que a Alemanha de Hilter não viesse a ser tão selectiva e disparatada como, por fim, se veio a saber que foi.
Pelo caminho, as inevitáveis perdas: dos que importam e dos que importam, mas não deviam importar. No fim, um sorriso por ter tido a coragem, logo depois da vergonha, e de ter conseguido um autógrafo num dos livros que vou sempre recordar.
O tempo em que se persegue judeus e outras minorias religiosas e étnicas não acabou. E nós, aqui continuamos, como se não tivessemos nada a ver com isso. Receio bem que um dia também façamos parte da história.
2 comentários:
Bela descrição!!
Que maneir tao maravilhosa de apresentar uma obra! Gostei.
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