terça-feira, 15 de outubro de 2013

Deixas-me (re)ver o concerto de John Legend no iTunes Festival. Deitas-te e deitas-me. No teu peito. Adormeces. Já sabemos: os nossos gostos musicais cruzam-se numa ínfima parte do universo musical. Mas dás-me esse prazer. O de ouvir um dos meus preferidos, ao ritmo das tuas batidas cardíacas. Canto baixinho para não te acordar. Estamos sozinhos no mundo. Eu, tu e o John só para nós. Para mim. Respiras fundo. Apetece-me chorar e nem sei bem porquê. Bem fundo. Está tudo bem, penso.
- Está tudo bem? - perguntas, voz entaramelada. Melada.
- Tudo bem.
Deixo uma lágrima escorrer para o teu corpo e esforço-me para que não dês por ela. Não dás por ela.
Sossega. Pela primeira vez na vida, está tudo bem. Eu, tu, e cada peça que nos deu vida. No sítio certo. Tão bem encaixadas, como nós aqui, no sofá.
Deixo só mais uma lágrima escorrer. Lembro-me quando te conheci: aqui. Tu, bom anfitrião, mostrando os cantos à casa que era só tua e agora gostavas que fosse nossa.
- Sabes que não pode ser. - rio-me.
Fazes beicinho. Perguntas-me se posso, ao menos, ir fazendo dela minha.
- Posso.
- Não te quero a dormir sozinha.
Sabes, já não quero dormir sozinha.
Mexo-me.
- Não vás ainda. - sussurras.
- Não vou ainda.
O John cala-se. Não tem palavras para isto. Silêncio.
E eu já não vou a lado nenhum.