domingo, 31 de janeiro de 2010

Black Taxis

Gostei dos vencedores do Festival Termómetro e conto ir vê-los num desses festivais. Quando for Verão. Ah, o Verão... Check it out:

Alguém lhe dê uns bagaços, por favor!

Deviam fazer um teste às mulheres antes de as deixarem entrar num estádio de futebol. Um teste... de voz! Pois, claro!
Ontem fui à bola (que expessão tão lindinha, sempre quis dizer isto) e senti-me como aqueles pobres coitados dos seguranças: o verdadeiro espectáculo estava nas minhas costas!
Uma rapariga, dos seus 20 anos, como boa benfiquista, gorda, barriguda e com pêlos em sítios indesejados, desviou todas as atenções para os seus berros. Meus senhores, passar 90 minutos a ouvir:

- «Vaíííí, Vaíííí!!!!!»

num tom esganiçado (muito!!!) é absolutamente doloroso. (E reparem que eu pus acentos nos ís, tentem ler a coisa como deve ser e mesmo assim não conseguem estar nem perto da tortura que foi!). Mas ela tinha outras pérolas na carteira. Não muitas, porque o «Vaíííí» foi dito mais de 5679 vezes, mesmo quando a bola estava parada. Suspeito até que disse um ou outro no intervalo.

- «Coitadíííínho, coitadíííínho», sempre alguém caía - do Guimarães ou do Benfica.

- «Ai Meu Deus!!!» - sempre que o Guimarães contra-atacava.

- «Vermelho! Vermelho!» - pedia, mesmo que fosse Carlos Martins a ser expulso (estaria confusa?)

E muitas, muitas outras coisas engraçadíssimas, que fizeram toda a minha bancada rir à gargalhada e esquecer que foram ao futebol e não ao circo.
Existem filmagens, e acreditem que não fomos os únicos a fotografá-la, que aqui serão colocadas assim que «o meu técnico» mas tirar da máquina! =P
52 mil 616 espectadores. Sugiro ao Benfica que arrendonde as contas para a próxima: 52 mil 615 teria sido um número bem mais certeiro.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Deus vos perdoe

Isto sim, é chocante. É ignorância.
Há mais pessoas a não gostar/não conhecer a poesia de Fernando Pessoa do que a gostar muito?!

Publicamente, admito:

Este é daqueles senhores que me custa um pouco contar ao mundo que gosto e que tenho todos os seus álbuns bem guardadinhos.
Não sei porquê. Porque ele é mesmo bom. E giro. E sacana. Tudo a ver comigo, portanto! =)


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

As vidas que a volta dá

Naquele dia falámos. Referiste-te a ela como «namorada». Era a tua «namorada». Para lá, para cá. Estavam juntos, viviam juntos, parecias genuinamente feliz.
No dia seguinte falámos. Referiste-te a ela como «ex-namorada». Era a tua «ex-namorada». Não foi para lá, nem para cá. Foi uma vez. Não estavam juntos, já não viviam juntos, parecias genuinamente infeliz.
- Sem volta a dar? - quis saber.
- Não... volta a dar, só eu e tu. Levas-me um bocadinho?
Arrumei-te o braço no meu. Seguimos, sem caminho.
Naquele dia não falámos mais.
Repara. Tenho de te pedir desculpa. Eu não tenho palavras para estas voltas da vida. A tristeza ensombrava-te o espírito. E eu estava solidária com a tua dor.
Era-me vagamente familiar.

Os pais são os maiores! Sexshop parte 2.

Quando o Um chega ao pé de mim e diz «Preciso urgentemente falar com o meu pai», eu sei que ele quer fazer alguma pergunta que acha que eu não sei responder.
Eu adoro os pais. Adoro a relação homem-criança e a forma como eles tratam os filhos: como um semelhante e não um bebé. Eles são os maiores para as respostas difíceis. E devo confessar que que o Um tem o melhor pai do Mundo. Não só por isto, mas também por isto:


Um - Pai, o que é uma sexshop?
Pai - É uma loja que vende cuecas.


Já o estou a imaginar, aí com os seus 14 anitos, a entrar por uma sexshop adentro e a pensar.
«O meu pai bem me disse que vendiam cuecas, mas o que não me disse é que também vendiam pilas. E às cores!»

Obrigada pai. Por não deixares o menino sem resposta.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Cada vez mais solidária com o pudor americano

Cartaz altamente explícito na beira da estrada. (Em nada semelhante à imagem aqui colocada)
Um - Mãe, o que é uma sexshop?
Faço-me de mouca.
Um - Mãaaaae, o que é uma sexshop?
Meio - É uma loja, filho. É uma loja.

Sexualidade, um. Meio, zero.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Passa a outro e não ao mesmo



Tenho alguns problemas com a forma como se «cagam» músicas hoje em dia. É como a solidariedade massificada mas pontual.
Sim, não aguento mais apelos para ajudarem as vítimas do Haiti e dá-me nojo que tanta gente queira adoptar aqueles meninos e trazê-los para um mundo completamente desconhecido apenas para satisfazer as suas necessidades (pouco) altruístas. Como se terem ficado sem ninguém que conheçam não fosse uma provação suficiente. E garanto que, de altruísmo e solidariedade, até me posso orgulhar de perceber um pouco. Está-me no sangue - não fosse eu orgulhosamente aquariana - mas sobretudo na educação. Cresci a ouvir histórias de familiares que davam banho a mendigos, não esquecerei o dia em que a minha avó me disse: «água e comida não se recusam a ninguém!» e orgulho-me daquela ceia natalícia que a minha mãe patrocinou a uma aluna, para que o seu Natal fosse menos triste, ainda que isso representasse (verdadeiramente) um sacrifício ao orçamento familiar.
Mas pronto. Se se compõe músicas express, que sejam boas e por uma boa causa, embora lamente - e não é o caso, ou não fosse Bono a Madre Teresa de Calcutá da música - que só se lembrem de ajudar quando as coisas más acontecem.
Ajudar antes das tragédias evita grandes catástrofes. Registem isto.

Ajudem todos os dias. Mesmo quando não podem.

Parto rumo à maravilha

Ornatos Violeta está num outro patamar, num campeonato aparte, num universo longínquo. Porque começa noutro tempo, quando a MTV não era tudo. Havia o Sol. E haviam tardes depois da escola à volta desse canal. E haviam confissões, e haviam cumplicidades e davam-se nós nos laços há muito criados.
Ornatos transporta-me sempre para esse tempo, até para um dia específico qualquer, onde sei as posições de cada jogador e o que tínhamos, exactamente, em cima da mesa. Quando "Ornatos" não era mais do que uma palavra estranha e "Violeta" uma cor cool, e havia alguém em Portugal suficientemente avariado para se se mascarar de bicho e gravar um "teledisco".
A voz de Manuel Cruz transporta-me sempre para esse dia. Para esses dias. E ensinou-me, ao seu jeito, a dar sentido às palavras. Capitão Romance para vocês. E para mim.




Não vou procurar quem espero
Se o que eu quero é navegar
Pelo tamanho das ondas
Conto não voltar
Parto rumo à primavera
Que em meu fundo se escondeu
Esqueço tudo do que eu sou capaz
Hoje o mar sou eu
Esperam-me ondas que persistem
Nunca param de bater
Esperam-me homens que desistem
Antes de morrer
Por querer mais do que a vida
Sou a sombra do que eu sou
E ao fim não toquei em nada
Do que em mim tocou

Eu vi
Mas não agarrei

Parto rumo à maravilha
Rumo à dor que houver pra vir
Se eu encontrar uma ilha
Páro pra sentir
E dar sentido à viagem
Pra sentir que eu sou capaz
Se o meu peito diz coragem
Volto a partir em paz

Eu vi
Mas não agarrei

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Underneath it all



Acho que era capaz de gostar de mulheres.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Não te esqueças!

O problema do desentendimento dos sexos resume-se a isto:

Ela larga tudo por ele. Elas largam sempre tudo por eles.

Ele larga tudo por ele. Eles largam sempre tudo por eles.

A solução, encontrei-a aqui. E hoje, é o que te digo a ti: Be your own best friend.

E no entretanto, sorri.

sábado, 23 de janeiro de 2010

O meu Juno foi no ano lectivo 2000/2001

É demasiado pretensioso comparar-me a Juno, mas não resisto. Este é um dos filmes da minha vida e as razões, para quem não for óbvio, estão na trama principal: viver uma gravidez aos 16 anos!

Eu era a miúda pouco feminina para quem a música revolucionária era tudo. A barriga que carregou o Um cresceu nos corredores de uma escola secundária, entre os olhares de lado de muitos e o carinho dos melhores amigos de sempre. O sentido de humor (assumo que o meu fica muito aquém, ela é imbatível), a despreocupação natural de quem não sabe o que é pôr um bebé no mundo e a confiança de que há provações bem piores - arrisco-me a dizer que ter borbulhas no secundário é bem mais estigmatizante do que ter engravidado de um gajo mais velho, que fazia surf e nem sequer estudava (sim, foi o meu período rock and roll).
Mas não se deixem tentar com a ideia de que são estas semelhanças que me fazem adorar Juno. É mais do que isso e, sobretudo, tudo menos isso. Até porque Juno colocou na mesa duas opções que não me passaram pela ideia. É aqui que nos despedimos, mas não nos chateamos. Ela não vai andar, se tivessemos a oportunidade de assistir a Juno II, III e IV (qual Rocky Balboa ou Robocop), a insistir para o filho comer sem espalhar arroz até aos cabelos, nem a gritar «calça os chinelos!» e muito menos a implorar para diminuir o volume do som das brincadeiras. Mas Juno (sim, deixa-me tratar-te como se fosses mais do que uma excelente interpretação de Ellen Page), também não vais receber um beijo diário babado e cheio de chocolate, o abraço mais apertado, e muito menos experimentar o amor maior, o tal que realmente é sublime. Foi a tua escolha. Ou a que te destinou Diablo Cody.
Eu aplaudo Juno por outras razões: porque a gravidez na adolescência é um flagelo, mas não uma sentença de morte. Porque é tão desaconselhável como irreprovável. E eu sei que, moralmente e civicamente, os meus comentários são censuráveis, mas cansa-me que se olhe para esta problemática com fatalismo, que se coloquem bandas sonoras sinistras e nos classifiquem como "mães menores", não de idade, mas de maturidade ou capacidade.
Orgulho-me de ser a representação de uma verdade inabalável. Os maiores obstáculos são aqueles pelos quais não ainda passámos. Os outros, são canja. De galinha!

Obrigada Público, pela excelente oportunidade de comprar um dos filmes da minha vida por apenas 1,95€.

E agora, oiçam isto. A leveza do filme começa aqui:


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Perna à mostra

Quero sol e diversão!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Se eu fosse. E serei.

Um dia vou ter uma empresa. Tenho a ideia, tenho o plano delineado, tenho os produtos em mente. E nesse dia, só nesse dia, vos provarei que o que digo hoje é verdade. (Vou escrever este post ao jeito de composição de 1º ciclo.)

Se eu fosse...

Se eu fosse patroa, a quantidade de tempo que passasse a gerir o dinheiro seria igual à quantidade de tempo que dedicaria às pessoas.
Ouvia os trabalhadores, um a um, e deixava-os à vontade para dizerem o que quisessem, sem medo de represálias. Acreditava neles, porque a verdade de cada um é tão verdade como a verdade colectiva. Apaziguava as zangas, mas erradicava os perpetuadores de brigas. Despedia os abusadores de colegas e subordinados. Exigia boa disposição, bons dias e obrigados.
Premiava os que faziam mais do que o pedido - sempre que o fizessem no horário de trabalho - mas não prejudicaria os que fazem apenas o suposto - são uma fatia importante de uma organização.
Se eu fosse patroa, proibia o trabalho fora do horário de expediente, excepto em situações muito extraordinárias. Há prazos para cumprir tarefas e um intervalo de horas onde estas devem estar prontas. Quem não o conseguisse, perguntar-lhe-ia: porquê?
Se eu fosse patroa, não ignorava lágrimas de trabalhadores. Não ignorava problemas pessoais. Empenhava-me nas pessoas para que elas se empenhassem no trabalho.
Se eu fosse patroa, gostava de encontrar os meus trabalhadores no café, depois do trabalho, criando laços extra-organização. Esperava que me convidassem para os acompanhar. Dava-lhes privacidade para falarem uns dos outros. É normal. É saudável. É um escape.
Se eu fosse patroa, negava-me a defraudar as expectativas dos trabalhadores, por mim criadas ou alimentadas. E jamais diria a alguém que «ninguém é insubstituível». Porque todos somos insubstituíveis. Temos um jeito único de fazer as coisas. E porque até se arranjar substituto, há sempre o caos.

Um dia vou reescrever este post no presente. E será assim:

Sou patroa...

Sou patroa e a quantidade de tempo que passo a gerir o dinheiro é igual à quantidade de tempo que dedico às pessoas.
(...)

Pensamento do dia - quando não há mais nada, há sempre as pessoas. E as pessoas, são tudo para mim. Como este post é para ti. Obrigada.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ascabou-se!

Um luto com novos horizontes.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ah, pois é.

Ao início, é bom. Depois, é indiferente. No fim, fica-se com saudades do calor. Falo de...
... acordar sozinha!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O que é isto?

Hoje é isto.
Tenho saudades de uma coisa que não vivi em pleno. Bateu o vazio do resto que sobrou. Uma nostalgia da falta do máximo, ainda que tenha dado tudo o que podia.
Hoje, é isto.
E não me sinto mal por isto.
Sinto-me
estranhamente
feliz.

T2 para um e meio: na fila do MacDonalds

Estamos à espera do Sundae. Um de caramelo, um de chocolate. Põe-se ao nosso lado uma anã. Prevejo bronca.
O Um não resiste. Começa por se pôr em bicos dos pés e a medir forças, que é como quem diz, centímetros, com a senhora. Discretamente, começo a empurrá-lo para baixo. Olha-a de cima. Oito anos e mais alto que um adulto. Que é que se quer mais para afagar o ego? Recebemos os Sundaes, vamos embora.

Um - Mãe, aquela senhora era anã?
Meio - Era.
Um - Nunca tinha visto nenhuma...
(...)
Um - Mãe?
Meio - Sim?
Um - Ela tinha uma voz mesmo estranha.
Meio - Diferente. Tinha uma voz diferente. Como todos nós.
(...)
Um - Mãe?
Meio - Simmmm? (Sim, as mães também perdem a paciência)
Um - Os anões são de outra espécie?
Pergunto-me onde que raio vão buscar estas ideias!
Um - Há um no Senhor dos Anéis que... (blábláblá. Desligo)
Já sei onde vão buscar estas ideias.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

T2 para um e meio: decisões sérias exigem comemoração

Um - Mãe, quando for grande, vou ser primeiro-ministro!
(Confirmo as suspeitas. Faço sons de agrado.)
Um - E depois, mãe, a nossa família nunca mais vai ter de trabalhar!!! Sou eu que vou mandar...
Meio - Confesso que gosto dessa ideia!
Um - Eu também. E acho que a minha decisão merece uma comemoração...
(Hum... que estará ele a tramar?)
Um - Que tal irmos à Telepizza?
(Pois)
Meio - Vamos nessa, Sr. Primeiro-ministo! Hoje pago eu.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Amor em guerra

São raras as vezes que sonho com o Um. E gosto assim. Quando sonho, é para ter medo, preocupação ou angústia. Como hoje. Sonhei que o Portugal estava em guerra e que fui incompetente na tarefa de protegê-lo.
Acordei triste.

Acho que é isto que sentem as mães nos países devastados pela estupidez humana. Só que elas não têm o privilégio de acordar. O mais certo, é nem terem o privilégio de dormir, quanto mais de sonhar.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Bolaño

Hoje lanço-me às 1030 páginas de 2666.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

São rosas, meu senhor.

Depois ele sentou-se ao piano, com os dedos livres, tão livres que pareciam pequenos farrapos de uma alma que se esfumou anos atrás. E bateu em cada tecla com um amor metódico, melódico, complexo, irremediavelmente e erradamente irreversível e irreparável.
E tocou. Fez ali, perante os meus olhos cegos, o meu corpo lívido, a minha mente gelada, a canção mais bonita que já ouvi.
Apertei o regaço, procurando nas entranhas um sinal de minha humanidade.
- O que trazes aí? - olhou-me.
- Sâo rosas, meu senhor.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Entendimento

Ele sorri. Surge a perfeição. Ela baixa o olhar. É afeição.
- Ouvi dizer...
- Não sei.
- Entendo.
Entendem-se.
Ela sorri. Sente a redenção. Ele baixa o olhar. É afeição.
Eles, nunca o serão.