quinta-feira, 28 de outubro de 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pousou as mãos nas costas arqueadas mas não a deixou descansar. E ela guardou cada impulso que lhe chegou ao coração enquanto a mão dele descia. Devagar.

Um dia a vida partiu-me o coração...

... e eu acabei a chamar o reboque.

É do conhecimento público que eu ando a passar de mansinho pelos homens desde que me vi estupidificada com o fim de uma relação. E entendo que estejam a pensar o que raio tem isso a ver com o facto de eu ter furado hoje um pneu, mas eu explico.
Tenho de confessar: há momentos em que bate a saudade de ter um namorado. Aquele em que sais do carro e vês que o pneu está em baixo. Olhas à tua volta, dás voltas à cabeça, sobre ti mesma, sobre o carro e percebes que não sairás dali pelas tuas próprias mãos, que as manicures são um investimento para durar e que o macaco é, afinal, um mico leãozinho cujas capacidades de erguer um carro são altamente duvidosas.
Hoje aprendi que as relações fortuitas não mudam pneus e nem sequer valem para te dar apoio moral enquanto esperas pelo reboque. Por isso, senti saudades de ter um namorado para me vir ajudar. Ora, para erradicar da mente tais ideias absurdas, pus-me em contacto com o meu terreno seguro: a mãe, que faz o efeito calmante, o pai do Um, que faz o efeito minimizante e a amiga, que faz o efeito muro das lamentações. E mais nada. Porque a seguradora, essa instituição que automaticamente inclui na apólice a hipótese de chamar o reboque para mudar pneus ao sexo feminino, faz o resto.
E, no fim, cento e setenta e seis euros e vinte e dois cêntimos e dois pneus novos depois, descobres que sozinha também és capaz de procurar um mecânico, que há alguns muito giros e que, estando mais esta prova ultrapassada, já podes passar mais uma temporada sem chamar namorado aos moçoilos que aparecem por aí.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mas claro que a saga continua...

Eu disse que estava paga a dívida, mas não é bem assim. A PSP não me deixa respirar e já me enviou mais cartas do que a EDP me enviou facturas da luz. Mais uma multa para pagar. Bom, pelo menos foi em Torres Vedras. Tudo é muito mais bonito em Torres Vedras.

Diário de uma inibição de condução# 4: O fim


Não sei exactamente em que momento da minha vida me tornei na moça que faz danças da vitória em pleno Governo Civil, mas garanto que fechar este capítulo foi dos momentos mais fantásticos da minha vida.
A dívida à sociedade está paga. Obrigada, até nunca mais ver.

(Nota - A dança do milindro é coisa para me fazer rir durante horas.)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Reencontros

Tenho um trabalho que me permite reencontrar todos os dias, pelo menos uma pessoa que estimo. Isso dá azo a muitos cafés. E é com agrado que noto que os homens ainda fazem questão de pagar a conta no final. O dinheiro poupado vai ajudar-me a pagar as consultas de cardiologia, daqui a uns anos. É que a minha tensão há-de ressentir-se com as miligramas de cafeína que vou injectando. Ah, se vai.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

T2 para um e meio: Cada um é pró que nasce

Estamos a ver um vídeo aqui postado com o Marco Ferreira a dançar. O Um admira-se com os movimentos do rapaz. Pergunta-me

Um - Mas como é que ele faz aquilo?
Mãe - Oh filho, cada um é pró que nasce, e ele nasceu para dançar. E tu, nasceste para quê?
Um - Fogo! Eu nasci para descansar!

Mais um a não contribuir para a economia do país.

Considerem-se avisadas.

Fui abordada por um senhor lindo de me atirar para o chão. Apresentou-se, deu-me o número de telefone e convidou-me a trabalhar para ele.
Atenção, senhoras, este pode ser o vosso marido. É que ele tinha aliança. E eu não sou a pessoa mais confiável do mundo.
Já avisei.  

Fugi

Mais um dia perdido à conta da carta que não te escrevi. A resposta que ficou por dar às tuas palavras escritas onde só recordo, destacado, o amor que me declaraste. Remoí a verdade que se esfumou ao soar Paris: que também te amo. Que te amo tanto. Amo-te, sim. Mas que está tudo perdido. És o prato que nunca mais vou saborear, num país que não devo regressar. Existes em mim, mas jamais viverás aqui. E a angústia que me dá...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

T2 para um e meio: Dou o cu e cinco tostões...

... para ouvir o Um dizer que sou a melhor mãe do mundo. Hoje passou cá em casa para recolher a caderneta de cromos esquecida e lá renovei o título. E fico eu, com as palavras dele e empoadas no ouvido, a pedir aos santinhos para que seja vitalício.

Vou ali chorar, já volto. (só hoje)

Quando a directora de uma grande (mesmo grande) publicação se lembra de uma reportagem que fizeste há dois anos, quando lá estiveste três parcos meses a estagiar, sabes que podes chorar.
De alegria, porque não é suposto que alguém que lê tantas histórias boas por dia se lembre de uma que escreveste.
De revolta, porque não há lugar para o que queres ser, e ninguém devia ser outra coisa senão o que quer ser (sim, mesmo que o tenha descoberto com cinco anos de atraso)
Mas sobretudo de saudade, porque não me lembro de tempos tão felizes como aquele, que faziam cada uma das quatro horas de viagem por dia parecer uma semana de férias nas Maldivas. Foram três meses com muitas histórias, umas publicadas, outras que guardo só para mim, mas todas com a sua história. E que fizeram história na minha vida, levando-me à agridoce certeza de que não quero fazer outra coisa senão escrever histórias. De preferência, o resto da vida.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Confesso que só de imaginar que te vou encontrar...



... me sobe à boca o coração.

(Bem sei que este nosso cruzar, Pode até nem passar, De um capricho sem valor. Mas porque raio hei-de evitar, Se esse teu ar...)

... me trouxe ao sangue calor.

sábado, 9 de outubro de 2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

T2 para um e meio: O Um e a Forbes

Depois de uma conversa ao telefone com a minha chefe, fico a saber que vou ser aumentada. Ora, além de ser o objectivo pessoal de qualquer um, em tempos de crise, a notícia merece uma valente dança da vitória.
Desligo o telefone:
Meio -  Oh yeahhhh!!!!! A mãe vai ganhar mais!
Um - Yeaaaaaaaaah! - Dá saltos pela escada acima e põe os olhos arregalados.
Sei que nesse momento o Um começa a imaginar-nos deitados numa cama, com o dinheiro a voar em cima de nós. Estilo American Beauty, mas com dólares em vez das pétalas de rosa. Começa a pôr ar de quem vai pousar para a Forbes agora mesmo. De repente pára. É preciso saber exactamente o ponto da situação.
Um - Mãe... vais ganhar quantos milhões a mais? 
E pronto. Quando lhe disse o valor do aumento, abanou a cabeça e afirmou desolado:
Um - Olha, olha. Isso não vai dar para nada...

O meu filho pensa em grande. Oh, se pensa!

Knock Out!

Comprei um saco de boxe. E partilhei com o moçoilo as minhas dificuldades.
Gancho à esquerda? Naaaa. Uppercut's? Qual quê! 
Ela, com o seu ar mais feminino de aspirante a boxeur - Está a imaginar-me a pendurar isto no tecto?
Zás, aí vai ela de golpe directo.
O rapaz, gentilmente, prontificou-se a vir furar o meu tecto. Mas só depois de eu garantir que não tenho ninguém, mesmo ninguém (mesmo nenhum homem) para mo vir pendurar. A defesa como arma de ataque.
Ah, pois é. Chama-se a isto o jogo do engate.

*É óbvio que vou optar pelo suporte, mas se ele quiser pode vir montá-lo...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sugestão cultural #não-sei-porque-estou-a-postar-do-mail: GNR

Se encontrarem perdida numa gaveta lá de casa uma cassete de Bee Gees, não se ponham a rir sem ouvirem a justificação. Tudo o que a minha irmã queria de prenda era ouvir o senhor Axel Rose ao som de Slash. Só que não havia. E a minha vizinha deu lhe a de Bee Gees.
Afinal, o nome era parecido...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

T2 para um e meio: Maternidade a tempo inteiro

Cada vez retiro mais prazer de dias assim: eu, ele e uma data de mimos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tempo frio afasta o tempo que nos afastou...



... mas só mais uma vez. Só mais uma vez.

(Nota - fazia muita coisa gira com este senhor. Oh, se fazia.)

domingo, 3 de outubro de 2010

Diário de uma inibição de condução#3: O pendura

Fui levar um amigo a casa. E apercebi-me que, para o pendura, conduzir sem carta de condução significa mesmo... conduzir sem (ter tirado a) carta de condução:
- Cuidado com a velocidade. Olha o radar. Olha a polícia. Olha a polícia. Olha a polícia. Porra, mas isto hoje é só polícia?
É caso para dizer: levas tu ou levo eu?

sábado, 2 de outubro de 2010

Comer, orar, amar

Eu queria guardar este facto só para mim. Mas se Javier Bardem deu a cara, foi realizado por Ryan Murphy e produzido por Brad Pitt cresce-me confiança no peito para admiti-lo: fui ver Comer Orar Amar.  
A história aborda tão somente a gasta metáfora da viagem como descoberta pessoal. Aquela que muitos sonham fazer mas que poucos encetam. Tem romantismo, mas escusem-se à presença de parceiros. Assim de repente, é a única forma que vejo de evitarem a náusea de sair de mão dada com alguém, quando o que realmente apetece é desatar a pôr os tarecos à venda e partir para a vossa Burges. Seja ela uma metáfora ou não.
Eu não sou muito aventureira. A história de uma mochila às costas e o mundo pela frente não me agrada... embora a ideia de fazê-lo com uma mala de viagem (daquelas de rodinhas) e boas camas à minha espera  me ponha em pulgas para partir agora mesmo.
Sei-o hoje que são muitos os sonhos que não sobrevivem à adolescência. São mais ainda os valores que por ali morrem. Mas se há uma coisa que não me tem largado desde então é a ideia de que, no dia em que formos capazes de andar pelo mundo só com a nossa bagagem, sem carregar absolutamente nada de ninguém, é o dia em que nos encontramos. Seja isto uma metáfora ou não.
Não tive inveja de Elizabeth Gilbert porque a minha viagem também já começou. Há um ano. Não fui longe. Não conheço a Índia nem Bali. Nunca me deliciei durante quatro meses com iguarias italianas. O mais longe que fui deixaria qualquer aventureiro a rebolar no chão a rir. Mas a verdade é que me tenho descoberto como se palmilhasse quilómetros com estes pézinhos. Três voltas ao Mundo em pouco mais de quatrocentos dias...
E conheci as mesmas pessoas fantásticas, que deixo, sem ressentimentos, sem culpas, quando se torna imperativo partir para outro lugar. A viagem tem de continuar e os que merecem a pena, colam-se em nós; aprendi que amar não tem de ser um acto correspondido. Nem contínuo. E que se pode simplesmente admitir o amor em voz alta, sem vergonhas; descobri que o amor nem sempre paga a renda. Mas, lamentavelmente, só nós o podemos despejar; assumi que a saudade nasce na ausência, alimenta-se dela e é nela que morre; e aprendi que ser como sou dá-me mais vida do que parecer o que sou. Não sou forte. Não sou aventureira. Não sou capaz de fazer tudo sozinha. Magoo-me facilmente. Perdoo com dificuldade. Não amo Deus, mesmo que ele afinal exista e me ame de volta. Aprendi a dizer, com sentido: não faz mal. Porque, de facto, nada disto faz mal. No fim, só eu poderei fazer o balanço de uma vida. E vou ser tendenciosa. Não faz mal. Nada disso faz mal. Eu já me decidi. Vou declarar que foi uma vida fantástica.