Estremeço. Acordo. Toco-te. É outro cheiro, é outro corpo. É outro homem que me afaga em consolo.
- Tiveste um pesadelo? - é outra mão que procura a minha e que ma encontra, entre os lençóis.
É outro quarto de um mesmo hotel. O mesmo calor, de qualquer hotel.
- Eram fantasmas... - a minha voz encontra o silêncio da tua respiração funda. Não devias fumar.
Esmagas os centímetros que nos separam. Levantas o braço para que eu confirme: é outro cheiro; é outro corpo; é outro homem que me beija agora no escuro.
- Os fantasmas não existem... - a respiração funda, ritmada pelos cigarros que nos consolaram a conversa na noite fria.
Ingenuidade tua. Os fantasmas existem, sim. Aparecem à noite. Para me comerem o coração.