segunda-feira, 27 de maio de 2013

Não consigo evitar a nostalgia. Olho as vinhas e, enquanto canta o Legend, deixo-me ficar no muro, perdida das ideias. Perdida do coração. Não sei bem o que pensar: se esta casa vai fazer parte da nossa história ou se, pelo contrário, nos vai tornar em história. Fazes os planos, contas-me onde plantarás o quê. Engulo o medo e a insegurança. Sinto-lhe o sabor. Conheço-o bem. É amargo. Faço caretas. Talvez do esforço que faço para comer o choro, aquele que sei que seria compulsivo se não estivesses aqui. Assim, do nada, esqueço as gargalhadas da noite anterior. São ecos distantes, como se a distância já estivesse instalada. Tenho medo, e se eu não fosse eu, dizia-to.
Apetecia-me tentar. De resto, ando a fazer um esforço para deixar de ser aquela. Vens abraçar-me e quase consigo, mas o «adoro-te» que te quero sussurrar fica suspenso na amargura, a tal que me arranha a garganta. O medo. E se to digo em vão? Ou se não me adoras de volta? Se não me adoras de todo?! Apetecia-me tentar. Estar contigo, sem as minhas merdas. Sem jogos. Ser forte para levar a chapada na cara, se assim tiver de ser. E continuo a fazer um esforço para deixar de ser aquela, mas desculpa. Ainda dei poucos passos. Sorrio-te. E se não te dou muito mais do que isso, sabe que esse sorriso foi um «adoro-te» preso na garganta.
Vamos andar de bicicleta. Traças a próxima volta. Em breve. Pensas sempre à frente: subiremos ali, desceremos acolá. Estou assustada. Pedalo com força e dói-me a cabeça. Largo-me, sem travões numa descida. Sou assim: livre. Sei voar. Sou ar, lembras-te?  Levanto o corpo e sinto a velocidade em mim. O vento frio da serra e o calor do esforço. Nada é coerente. Estou confusa. Volto-me e vejo-te lá atrás. Espero por ti. Metáforas. Já não me apetece ir a lado nenhum sem ti, mesmo que tenha de aprender a esperar por ti. Mesmo que isso me tire a liberdade de sentir a liberdade de andar sem travões. Sorrio-te. (É mais um adoro-te). Há uma montanha de tempo que não queria alguém assim. Mas até sabe bem querer-te assim.  Adoro-te. E um dia, talvez o saibas pela minha boca. Aquela que beijas quando me alcanças. Anda, vamos pedalar. Continuaremos devagar. Não há pressas. Chegaremos ao nosso destino, seja ele qual for.

1 comentário:

AP disse...

MARAVILHOSO, a sériooooooooo!!!!