sexta-feira, 13 de maio de 2011

O Profanador

Ainda espreito a cama, mas resolvo-me pelo sofá, onde me encolho mais do que é exigido. Procuro espremer a solidão em que me deixaste, esmagar o amor que ainda não sei deixar de sentir. Estou pesada. Mexo-me a custo. Até as lágrimas me escorrem lento. Fico impávida, e um grosso rio ganha forma, cara abaixo. Molha-me o peito. Esse, onde ciente da dor que seria a tua ausência, te construí um memorial. Um peito que já não se enche de ti, mas não se preenche de mais nada. É chão sagrado porque o pisaste. Local de sacrifício de quem por cá ousar entrar. E que tu insistes em espezinhar. Qual profanador.

1 comentário:

AP disse...

LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO :)