terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um dia a vida partiu-me o coração...

... e eu acabei a chamar o reboque.

É do conhecimento público que eu ando a passar de mansinho pelos homens desde que me vi estupidificada com o fim de uma relação. E entendo que estejam a pensar o que raio tem isso a ver com o facto de eu ter furado hoje um pneu, mas eu explico.
Tenho de confessar: há momentos em que bate a saudade de ter um namorado. Aquele em que sais do carro e vês que o pneu está em baixo. Olhas à tua volta, dás voltas à cabeça, sobre ti mesma, sobre o carro e percebes que não sairás dali pelas tuas próprias mãos, que as manicures são um investimento para durar e que o macaco é, afinal, um mico leãozinho cujas capacidades de erguer um carro são altamente duvidosas.
Hoje aprendi que as relações fortuitas não mudam pneus e nem sequer valem para te dar apoio moral enquanto esperas pelo reboque. Por isso, senti saudades de ter um namorado para me vir ajudar. Ora, para erradicar da mente tais ideias absurdas, pus-me em contacto com o meu terreno seguro: a mãe, que faz o efeito calmante, o pai do Um, que faz o efeito minimizante e a amiga, que faz o efeito muro das lamentações. E mais nada. Porque a seguradora, essa instituição que automaticamente inclui na apólice a hipótese de chamar o reboque para mudar pneus ao sexo feminino, faz o resto.
E, no fim, cento e setenta e seis euros e vinte e dois cêntimos e dois pneus novos depois, descobres que sozinha também és capaz de procurar um mecânico, que há alguns muito giros e que, estando mais esta prova ultrapassada, já podes passar mais uma temporada sem chamar namorado aos moçoilos que aparecem por aí.