quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sócrates e a Gravidez na Adolescência

Os tempos são de calmaria, com a moça a livrar-se das lides culinárias naquele que foi o primeiro convite para jantar, oficialmente aceite pela família real que ocupa este T2.

Devo confessar o orgulho um tanto ou quanto exagerado pelo bom comportamento do meu menino perante várias pessoas desconhecidas. E saliento exagerado porque nunca duvidei da sua tranquilidade e sempre soube que não me iria deixar ficar mal. (Afinal, aos 17 anos também se sabe educar uma criança... e sugiro que anotem o ressentimento nas palavras, que eu já explico o porquê. Adiante.)

Perdoem-me. As mães têm destas coisas: estamos sempre prontas para mostrar as capacidades sociais dos nossos meninos, certo? Safa-me das críticas a este cliché o facto de haver por aí muita gente que em breve o saberá, ou não estivesse meio mundo prenho e a outra metade desejosa de fazer bebés. (Mãe, fica descansada. Não pertenço a nenhuma das partes, e o meu instinto maternal, por agora, esgota-se na criança que fiz vai para lá de oito anos. Pai, nem sequer sei como se fazem bebés. Acho que vêm de França, no bico de uma cegonha.)

A pergunta é: serei assim tão outsider!?

Recentemente, vieram lamentar-se comigo da minha maternidade tão precoce. Poupem-se, que comigo não fazem esse choradinho. Além de não ter utilizado qualquer cêntimo dos vossos impostos para alimentar a criança que pus no mundo (facto de que gosto de empolar), isto de ter tanto ano de avanço tem as suas vantagens: quando as mulheres que me criticam começam a falar da cor do cocó dos rebentos ou se gabam que o bebé já caga no penico, eu saco do trunfo. "O meu filho anda louco com as eleições".

Sim, eleições. O petiz, que é pequeno o suficiente para resistir à perspectiva de ter um quarto só para ele, adora política! E quem disse que esse era um assunto incompatível com crianças de oito anos? Nada mais estimulante para os putos inteligentes do que ver os partidos lutarem arduamente pela única boa profissão em Portugal: mandar nele. É como um jogo de futebol, qualquer menino gosta. Menos o meu.

É por isso que não é difícil convencê-lo a rir com Ricardo Araújo Pereira (a menos que lhe surja uma vontade súbita de fazer aviões supersónicos! Pronto, ok. Política para crianças, mas nem tanto!) e as suas entrevistas esmiuçadoras.

Surpreende-me e isso também me enche de um orgulho parvo. O meu filho ainda nem sequer decidiu se é pelo Benfica que quer torcer, mas já sabe que no dia 27, a cruz põe-se no PS. Para ele, o Sócrates é o maior! Está bem... os seus critérios ainda se limitam ao facto de o senhor lhe ter dado um Magalhães e da Manuela Ferreira Leite ter cara de bruxa, mas acreditem que há ali um grande potencial para ser o Marcelo Rebelo de Sousa do futuro.

Quanto a mim... devo confessar que, neste assunto, reneguei totalmente os genes da minha familia (que não simpatiza nada com Sócrates), e que tenho até alguns alelos em comum com a Carolina Patrocínio: sou jeitosa e não me importava nada que a empregada me tirasse os caroços das cerejas. E nos intervalos faço, de boa vontade, campanha pelo PS. Resta-me arranjar a dita senhora... ou simplesmente alguém que, de quando em quando, me ofereça o jantar.

E com mais um desabafo me deito, em paz, e com a certeza de ter decidido bem quando me determinei a levar avante uma gravidez aos 16 anos, qual maluca, em vez de ter pago 500 euros (100 contos, à data dos factos) para simplesmente "resolver o assunto" (citação de quem sabe tudo. Ou talvez não).
E com sorte, daqui a uns anos os convites para jantar vêem directamente do meu filho. Onde? No palácio de S. Bento, está claro. E eu digo: Yes, he can! Dêem-lhe uns anos.