Na realidade, nem como assim tantos. Mas na pressão de arranjar um nome (sim, não houve tempo para pensar que ia ter um blogue) foi este que me surgiu. Estúpido? 'Tou nem aí!
Comprei uma prenda de anos ao Um e não sei se aguento até dia 20. Se eu abrir a caixa, usar e depois voltar a meter tudo direitinho na caixa dia 19, serei uma abusadora sem igual?
Se a última coisa que faço antes de adormecer é enroscar-me no espaço que hoje sobra na cama, então sei que estou a enlouquecer. E que não te quero falar tão cedo. Não te posso falar tão cedo, não vá o sentimento trair-me.
(Já não contava, mas subitamente apaixonei-me por ti.)
Dado o impacto que o seu trabalho teve na minha vida, não poderia não assinalar aqui a minha tristeza face à morte de Amy Winehouse. Mas não sei como fazê-lo. Há pessoas tão talentosas, que as homenagens ficam sempre aquém. Lamento que a sua obra tenha ficado incompleta. E mais. Lamento toda uma vida por viver. Eu, certamente, vou continuar a ouvi-la compulsivamente. Como faço há três anos seguidos. Em repeat mode.
Sabes aquela ideia deplorável e deprimente de uma pessoa que sofre uma desilusão amorosa e tranca o coração para sempre a todo e qualquer amor que surja?
Eu gosto dessa ideia. Mais. Eu acredito que, quem já amou verdadeiramente e, por armadilhas do destino, perdeu essa pessoa, jamais recupera. Sou totalmente fatalista no que toca ao amor. Romântica jamais-confesso. Adoro armar-me em durona sentimental, só porque não o sou. E porque a quem der o privilégio de saber que não o sou, ou quem, por teimosia, me desmascarar e desarmar, apodera-se do mais precioso que há em mim: a minha vulnerabilidade. A certeza de abrir o peito em jeito de rendição. O gesto: confio em ti.
É óbvio que não acredito que não haja uma centena de pessoas interessantes com quem possas estar e amar das mais diversas maneiras, pelos mais diversos pormenores. Acredito e amo a diversidade humana. Cada pessoa, cada descoberta. Mas há um amor na tua vida que não esqueces. O imperfeito que se reveste de perfeição, a eternidade que nem sempre dura. Mas que não morre. Pode não ser o primeiro. Certamente será o último.
Era isso que discutíamos. Soubesses tu o que adoro discutir teorias contigo. Tudo nos serve de gatilho para horas de conversa. Foi ela, desta vez. A Adele com Someone Like You. Adoro esta ambiguidade de sentimentos, explicava-te. O amor é tormenta. O amor é sobressalto. É maré-viva. Mas também é tranquilidade. Também é silêncio em campo floridos. É carne louca e televisão no sofá, mas também é prazer meloso e saltos num concerto. É egoísta e altruísta. O amor é isto e muitas outras coisas que já não me lembro, senão quando me aparecem em flashes. Quase sempre contigo. Lembram-me que também eu já amei. E tu não queres acreditar no que te conto.
- Nunca amaste? - quero saber.
- Nunca amei. - assumes.
Falamos, no escuro, como se eu te contasse aventuras que não viveste. Cigarro aceso, fumo que se perde. Histórias longínquas, de lugares que não entendes. E nisto, apercebo-me já estamos baralhados.
- Simplifica-me o amor. - pedes.
E eu penso. Penso muito. O silêncio quase nos adormece. Respiramos, já só fumamos o fumo que se perdeu no ar. E finalmente sei-to dizer.
- O amor é uma lenda. Vive no boca-a-boca. E depois já não sabes ao certo o que é real ou imaginário. Mas sabes que tudo é fantástico.
Pelo menos, tudonos parece fantástico.
Sim. Augustus surgiu numa procura insana de manter o Luke na minha vida. Sou assim: gosto de guardar um pedacinho das pessoas e lugares para mim. E preciso de matéria, seja ela um pedaço de papel, um bilhete de autocarro, uma fotografia, um perfume ou um livro. Gosto de trazê-las junto de mim, e isso faz com que, de repente, passe um mês com um volume de 382 páginas escritas em italiano sobre a história do Imperador Augusto.
Hoje terminou Augustus. Por isso, hoje terminou a minha história com o Luke. Um mês depois, vou-me despedir dele e deixá-lo numa prateleira, bem aconchegado entre todos os restantes amores da minha vida, os meus livros.
O bom de fazer destas cenas sem sentido, é que há sempre ensinamentos maravilhosos neste caos de acções em que por vezes me enredo. Descobri que, afinal, gosto de história, treze anos depois de ter fechado o meu livro dessa disciplina e ter escolhido não gostar de história. Foi só um capítulo encerrado, não um livro acabado. Descobri que poderia passar o resto do ano a ler livros de história, e que até já tenho o próximo debaixo de olho, este aparentemente apetitoso romance, vencedor do prémio Pulitzer, sobre uma personagem que foi levemente abordada em Augustus, e que me deixou água na boca. Vou conhecer melhor a Regina dell'Egitto, em breve! Descobri também que, ao fim de cem páginas, o italiano não tem grandes segredos para mim (devo confessar que ajuda este ter sido a minha terceira aventura por livros italianos e gostar de pôr filmes italianos aqui no DVD, vezes e vezes sem conta, somente para me deliciar com a língua dos meninos) e que os planos - ainda não partilhados explicitamente no Eu como caracóis - de passar um mês em Florença se torna cada vez mais volumosos, concretos e fácil de cumprir.
Depois de tantas descobertas, há o livro em si. O autor, John E. Williams, americano de nascença, fez um trabalho excelente ao romancear a vida de um dos Imperadores mais marcantes da história da civilização romana. E, não desfazendo o seu mérito (sei eu que poderá tornar-se ofensa, sendo eu uma pseudo-escritora-em-sonhos-quem-sabe-um-dia-e-isto-da-língua-em-que-se-escreve-é-o-orgulho-das-obras-literárias), um bem-haja ao destino que me trouxe este livro às mãos em italiano, e não em inglês. Porque assim é mais giro. Porque assim é mais coerente. E porque assim se torna mais volumosa, concreta e desejosa de cumprir a minha ideia de ir estudar umas coisinhas a Itália.
E quem sabe dar um beijo na boca ao Luke. Ai, o que eu queria dar um beijo na boca ao Luke!
"Enqto estava a apanhar seca à espera dos funcionários publicos,vi um monte d revistas antigas...uma delas tinha o teu artigo da visão jr c o Um :) Adoro-vos!! Mts Beijinhossss"
Esta sms fez-me sorrir pela primeira e, estou em crer, última vez no dia de hoje. E assim se salvou o dia.
Eu também queria ser funcionária pública: tenho reunião marcada para as 10 da manhã e a senhora-funcionária-pública-mamar-o-dinheiro-do-resto-da-malta-é-que-é-fixe ainda não chegou. Eu gostava. Juro que gostava.
E no meio do monte, achar uma peça minha que te traz para perto de mim.
sábado, 16 de julho de 2011
Perdemo-nos nos truques que horas antes espalhamos no corpo. Dizes que não descobres o meu segredo. Beijas-me e insistes: queres saber qual é, hoje, a tua perdição. Com a língua enroscada na volúpia, são meros suspiros que te devolvo em resposta. Tentas desarmar-me, mas sabes que não to vou contar. É este o nosso jogo, a razão porque perdemos a razão, uma e outra vez; é este o fio que sustenta o nosso ténue amor. Beijas-me, agora o ventre, e inspiras. Fundo. Murmúrios.
- É gengibre...
É gengibre. Descobres-me. E porque esse é o teu prémio, deixo-te, finalmente, entrar em mim.
A minha chefe arma-se em Conan, the Barbarian e, assim, a 15 dias de eu ter três semanas de férias, tira-mas. As três semanas. A vida é injusta, mas ei, ó dótora, eu sou a Justiceira em pessoa! Justiceira versão cabra. Hás-de cá vir, hás-de! Vou gozar as minhas férias todinhas no mês de maior afluência de gordas a quererem perder uns quilos e a deixar o dinheirinho na tua caixa registadora! Mesmo que para isso tenha de estar os próximos 9 meses a bulir. Sem parar.
E (ainda) não é motorizada. Ponham uns caracolinhos castanhos e um tom mais moreninho à bonequinha. Esta é a nova Eu. As perninhas que vêm no post aí em baixo agradecem. Talvez não daqui a uma hora ou duas, mas hão-de agradecer. Ai, hão-de, hão-de!
(Será que estou a virar cão?)
Passou a última semana com o pai. Após um beijinho domingueiro, seguiu para o Porto. E eu, uma semana e meia depois, sinto falta das trapalhadas e trapalhices do (com o?) meu grande companheiro de aventuras. É ver-me olhar para o relógio e pensar que, às 18e30, lá anda ele a fingir que é o Fábio Coentrão lá do Norte e a choramingar porque queria mesmo era estar a espiar o meu (já) rapazinho da varanda.
E ainda falta um mês. Um mesinho inteiro em que ele não está nem aí para mim. E em que eu, qual mulher perdida ou miúda birrenta, volto a achar que os congelados são os meus melhores amigos. Porque não me apetece esforçar se ele não está aqui.
Está na hora: chegaram as noites quentes perdidas na saudade.
Preciso urgentemente de escrever e não consigo. Já tentei. Sai branco. Mente vazia em alma cheia. Quando me deixam sem saber como escrever é que são elas! Fico com coisas entaladas entre a garganta e a cabeça e não gosto. É que eu não tenho sempre resposta na ponta da língua, mas não costumo ter problemas em tê-la na ponta dos dedos. E agora, hein?
Na coxa. Na minha coxa. Uma noite no hospital e uma vacina depois, é estar alerta:
- Se começar a sentir uma súbita vontade de ladrar...
- Se me atirarem um osso e eu desatar a correr...
- Se tiver comportamentos estranhos em noite de lua cheia...
ou
- Se quando vos disser que preciso de ir à casa de banho me dirigir ao poste ou árvore mais perto...
Tenham cuidado. É a raiva. É a raiva, meus amigos. Mandem-me abater.