quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Às vezes são coisas de outros mundos

Estou a olhar o mar, mas somos nós que vejo. Estava frio e tínhamos casacos. Também esteve sol e bebemos Coca-Cola. Passámos as quatro estações e chegámos a celebrar os trezentos e sessenta e cinco dias de co-existência.
Ultimamente vejo-me, como me olhaste pela primeira vez, em cartazes, e penso mais em ti. Ainda hoje usamos as alcunhas com que, infantilmente, nos baptizámos, copos na mão, notas a soar forte em cabeças esvaziadas pelo álcool. Corpos que se aproximaram e deixaram marcas invisíveis em pessoas, sobretudo em nós.
Aqui, sempre que olho este mar, recordo-me de ti e das vezes que partilhámos almoços na esplanada. Segredos. E as tuas aventuras pelo mundo e os meus sonhos que sempre te importaram. Dizias-me sempre:
- Tens de escrever.
Queria enviar-te uma mensagem.
- Almoças comigo?
Mas estás longe, agora de vez. Em vez, digo-te:
- Tenho saudades.
Somos assim, sem jogos nas palavras. Há poucas coisas que nunca te disse. Lembro-me agora de uma delas: gostei muito daquela noite. Não porque me trouxe o amor, mas porque desembrulhei um amigo. E tenho saudades. Nossas. 

1 comentário:

AP disse...

Este post é adorável. Muitos beijinhos :)