quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Senão, como te esqueço?

Estou cansada de procurar o teu rosto no meio da multidão. Esta cidade é minha, vai. As ruas paralelas da baixa são minhas, o terreiro do paço é meu. Os armazéns do chiado pertencem-me, os bares do bairro saúdam-me. As esquinas de cidade são minhas. O jardim onde te escondes, plantaram-no para mim. O  Tejo é meu. Diz-me bom dia. A ponte só a mim me serve, o Cristo Rei conforta-me com abraços. A mim. Vai-te embora, vai. Sai, por favor! Eu abro-te a porta.
Um dia frio, no Largo do Carmo, olhaste-me com nostalgia e disseste-me:
- Em lugar algum me sinto em casa.
Eu respondi-te:
- Lisboa. Lisboa é a minha casa.
Não te menti. Sai daqui, abre tu a porta, pois eu não consigo. Imploro-te. Estou tão cansada de procurar o teu rosto pelos quartos. Deixa-me a casa que é minha.

3 comentários:

M. disse...

percebo tão bem o que escreveste!!!

Nervosinha disse...

Texto bonito. Mesmo.

Alina Baldé disse...

obrigada! =)